Como já se esperava, não foi fácil a entrada de Portugal na qualificação para o Mundial 2018, uma visita ao terreno daquele que previsivelmente será o grande opositor pelo apuramento para a grande competição que se disputará na Rússia, a Suíça - se a tarefa já se afigurava complicada, mais árdua se tornou quando a equipa nacional «deu» uma parte de avanço, a primeira.

Se a 1ª parte de Portugal em Basileia, cidade que tem por hábito pelo menos estar perto de grandes competições como a Liga dos Campeões, fosse um título de uma obra como um livro ou o filme, poderia ser apelidada com algo semelhante a «45 minutos de equívocos» pelos equívocos de variada ordem: exibição amorfa, transporte de bola sem chama, eficácia de passe completamente perdida, Éder completamente entregue à marcação da defesa suíça e dois momentos em que a defensiva nacional viu jogar, de imediato punidos com dois golos.

Após uma entrada que até parecia promissora, tudo começou a desmoronar-se em sete minutos quando aos 23' Bréel Embolo reagiu mais depressa do que toda a defensiva na recarga a uma primeira defesa de Rui Patrício a um livre directo cobrado por Ricardo Rodríguez e aos 30' quando a apatia generalizada de vários elementos em situação defensiva, os centrais Pepe e José Fonte, o lateral esquerdo Raphael Guerreiro e os médios William Carvalho e João Moutinho, levou ao 2-0 através de um lance em que uma triangulação entre Agon Mehmedi e Haris Seferovic.

Para além dos erros defensivos, faltou capacidade na frente de ataque

A movimentação dos dois suíços desposicionou todos os futebolistas lusos acima mencionados, atrasando-os em relação á acção e tornando-os incapazes de evitar o disparo certeiro de Mehmedi já no interior da área  - dois momentos que terão serão sido os piores de Fernando Santos como seleccionador nacional retirando...o início, no qual foi substituído pelo adjunto Ilídio Vale quando se encontrava suspenso por oito jogos antes de recorrer junto do TAS, que lhe diminuiu a pena bem a tempo para que comandasse a equipa no banco de suplentes no Euro 2016.

Depois desses momentos conturbados, o Engenheiro conseguiria juntar um título europeu de selecções ao seu vasto currículo, tendo voltado a viver momentos de preocupação nesta partida em que antes de sofrer, a Selecção Nacional revelava diversos problemas, o primeiro no desacerto das suas laterais que estranhamente revelaram falta de maturidade a defender espaços… quando ambos são campeões europeus em título (Cédric foi por diversas vezes surpreendido em transição) e um que já vem bem de trás, a falta de um ponta-de-lança verdadeiramente capaz.

Quando se utiliza uma referência ofensiva, esta deve/tem de ser utilizada para baralhar a marcação, o que sucedia num passado recente nos tempos em que a frente ofensiva era ocupada por jogadores como Hugo Almeida ou Hélder Postiga.

Esse foi um problema que se manteve com Éder perante a pressão movida por Fabian Schär e Johan Djourou, não contribuindo com remates, a mais vulgar forma possível de se obter golos em futebol. Fora isto, acima de tudo a Portugal faltava um meio-campo controlador não só para jogar em posse como também para definir marcações essencialmente na posição 6 onde William Carvalho jogava muitos, e muitos furos abaixo do que produziu ao serviço do Sporting frente ao FC Porto e na mais facilitada recepção a Gibraltar.

Ausência de Cristiano Ronaldo fez-se notar até pelo exemplo que constituiria para os mais novos

Foi, por isso, sem surpresa que nem Éder nem William tenham regressado dos balneários ao intervalo, tendo sido rendidos por André Silva (muitos teriam apostado neste jovem para titular…) e João Mário, duas mexidas importantes tendo em conta que nesta convocatória as possíveis alternativas que pudessem oferecer variantes tácticas não eram tantas, nem tão valiosas, quanto as habituais, começando desde logo pela estrela maior, Cristiano Ronaldo.

A importância de Cristiano revela-se nos golos marcados, na cautela com que cada problema físico é tratado pela FPF, e acima de tudo pela influência com que facilita a integração dos elementos mais jovens, especialmente quando a maior parte, tal como a grande figura de Portugal, também actuam em zonas ofensivas e podem ter o prazer de beneficiar de toda a sua qualidade e colher ensinamentos num cenário de alta competição. Sem CR7, tudo se torna mais difícil, e tal denotou-se na 2ª parte.

Nessa etapa, Portugal tentou, é certo, mas sempre em esforço, e apenas esteve verdadeiramente perto de reduzir a desvantagem aos 81 minutos quando Nani cabeceou o esférico na direcção do poste esquerdo da baliza suíça. Seria apenas um golo de consolação num encontro em que devido ao seu desacerto, a equipa nacional acaba por ser derrotada com justiça muito embora os dois tentos de diferença indiciem uma superioridade suíça que na verdade também nunca existiu.