No mercado de inverno a SAD portista empurrou Cristian Tello para fora do Dragão: a Fiorentina de Paulo Sousa negociou com o Barcelona e contratou o extremo. De Florença ao Porto destaque para o sistema táctico de Peseiro que tornou os azuis e brancos mais ofensivos. Esta variância no xadrez privilegia um futebol que vive muito da inspiração dos alas mas essa inspiração atravessa uma crise de talento porque tanto Brahimi como Corona estão longe de criar lances geniais para dinamizar o ataque da Invicta. A qualidade de Tello é indiscutível e teria sido benéfico para as ambições do Porto ter dado tempo ao espanhol para se mostrar a José Peseiro. A excelência da direção azul e branca parece estar em queda livre e o caso de Tello é só mais um numa lista de "flops" desportivos dos dragões.

Cristian Tello: a famosa escola do Barcelona que o dragão deitou fora

Com Julen Lopetegui chegou ao Dragão em 2014 uma estrela emergente que brilhou ao lado de Messi e Iniesta, Cristian Tello aterrou em Portugal para dar prestígio ao futebol luso e ajudar o Porto a recuperar a hegemonia perdida para o Benfica de Jorge Jesus. Com Julen Lopetegui, os jogadores passavam do 11 para a bancada quase com a mesma velocidade com que Tello fintava os adversários, o que impediu o ex-Barcelona de se afirmar como craque no relvado do Dragão. O extremo apresenta em campo uma qualidade técnica notável e aplica dribles velozes com uma facilidade digna da cantera do Barcelona. O sistema táctico de Julen Lopetegui e a intermitência na aposta do ala espanhol explicam que, ao serviço dos invictos, Tello não tenha justificado totalmente o seu valor e talento.

Com José Peseiro o sistema portista mudou e, apesar da instabilidade, é evidente que o dragão joga com um caudal ofensivo muito mais acentuado em comparação com o técnico anterior. Em Janeiro, a SAD portista abdicou dos serviços do jogador e é no mínimo confuso entender o porquê de José Peseiro não ter dado hipótese ao ala para ser uma aposta firme. A direcção azul e branca tem vindo a perder consistência como são exemplos os casos de Maicon, Imbula e claro, a questão de Tello. A estrutura azul tem perdido fulgor e o rendimento desportivo tem sofrido com isso. Neste momento o Porto joga um pouco melhor do que na era Lopetegui, mas a crise exibicional de Corona e, principalmente, Brahimi, permitem olhar para o banco de suplentes e não se encontrar qualquer alternativa credível. Será preferível manter o apagado Varela no plantel e abdicar do futebol perfumado de Tello?

O pendor atacante do desenho táctico de Peseiro poderia beneficiar as características do extremo, uma vez que, para Tello, brilhar é necessário apostar no jogo fluído pelos flancos. Quando Tello abandonou o Dragão em Janeiro, os azuis lutavam ainda intensamente pelo título, e hoje esse objectivo parece não passar de uma miragem. O futebol bonito de Brahimi parece também uma miragem e Tello seria indiscutivelmente uma alternativa válida ao argelino. Falta velocidade, fintas e momentos de pura técnica ao jogo portista e para os lados de Florença esses dotes estão a ser explorados, por Paulo Sousa na Fiorentina. Mesmo tendo passado cerca de 1 mês e meio, a verdade é que a aventura italiana de Tello tem sido positiva e o ala soma já 7 partidas e um tiro certeiro ao serviço do emblema de Florença. As diferenças tácticas de actuar em Itália são abismais em comparação ao futebol lusitano, mas para os grandes jogadores esses factos não passam de especulações e é a Fiorentina que se fica a rir. O Porto ainda terá muita saudade do perfume que Tello oferecia aos esféricos lusos, mas o que esperar afinal de um FC Porto que não sabe o que é ter estabilidade e que ainda por cima resolve deitar fora um jovem promissor como Cristian Tello.