Olhar para a temporada de Jonas até ao momento no Benfica é constatar que o adágio popular ‘o melhor está guardado para o fim’ tem toda a razão de ser, não tivesse chegado já depois do encerramento do defeso no último Verão na situação de jogador desempregado a grande sensação da equipa encarnada.

Se Pizzi poderá ser tido como a maior surpresa pela forma como entrou na equipa e mostrou qualidade a partir de Janeiro, o título de grande reforço terá mesmo de ser atribuído a Jonas, que começou a competir de forma oficial pelas águias apenas em Outubro para desde logo demonstrar ser um jogador de categoria superior e na verdade o reforço que as águias pretendiam para o ataque após terem perdido Rodrigo e Oscar Cardozo.

O maior elogio que se pode apontar a Jonas é precisamente o facto de hoje poucos se lembrarem da eventual falta que os dois goleadores da época passada poderiam fazer, acrescentando-se que ninguém mesmo lamentará o excelente negócio realizado no início da época com o Valência no qual em dois processos independentes as águias garantiram um encaixe de 30 milhões de euros por Rodrigo para poucas semanas depois receberem sem quaisquer custos um substituto como Jonas.

Apesar de se ter estreado a marcar na Taça de Portugal e não ter podido ajudar com a sua utilidade na Liga dos Campeões, foi na Taça da Liga e na Liga NOS que o brasileiro pôde apresentar a sua extraordinária eficácia, agitando as redes com uma regularidade pouco habitual para quem nem sequer realizou a pré-temporada no novo clube antes de ser lançado numa equipa de alto nível que se tornou ainda mais forte com as entradas de Jonas e Pizzi no seu núcleo.

Continua a ser Lima o melhor marcador do Benfica na Liga com 13 golos apontados. No entanto, e sem desprimor para o avançado que há várias épocas marca e brilha na Luz, os 12 golos de Jonas impressionam ainda mais pela naturalidade com que foram obtidos sem sequer ter necessitado de dar início à temporada no Verão.

Goleador brasileiro não possui concorrência à altura, nem ainda do recém-chegado Jonathan

Tal não o inibiu minimamente de ultrapassar Derley, rival por um lugar que entrou na época com um vincado desejo de marcar mas que foi perdendo ’gás’ muito embora tenha sempre deixado a imagem de um jogador esforçado que oferece peso à frente de ataque quando chamado a cumprir serviço; mas nunca com a classe de Jonas.

Hoje em dia Jonas vale bem mais do que os 12 tentos que já apontou - é hoje um dos poucos jogadores insubstituíveis na equipa encarnada, concluindo-se que olhando a cada posição no plantel e as opções existentes o brasileiro e também Toto Salvio são os futebolistas sem concorrência directa para o seu posto na equipa.

O experiente brasileiro é por isso nesta altura praticamente impossível de colmatar em caso de ausência, ganhando aos pontos ao acima mencionado Derley, assim como Anderson Talisca se manterá na sua ’sombra’ e Jonathan Rodriguez acabou de chegar mas se assemelha muito mais em termos de características a Lima do que propriamente ao seu estilo de toque, ‘suplesse’ e leve desmarcação.

Por esse motivo, fazendo jus á cor do próprio clube o alerta é mesmo vermelho quando se olha ao ‘cadastro’de todos os jogadores, verificando-se que neste momento o atacante encontra-se a apenas uma admoestação de se ver obrigado a parar com um jogo de castigo, uma situação que Jorge Jesus nem sequer parece colocar tendo em conta a importância do brasileiro.

Assim sendo, e tendo em conta que na semana seguinte chega a autêntica ‘final’ frente ao FC Porto, será provável que Jonas seja protegido com uma substituição se os resultados frente a Académica e Belenenses assim o permitirem, sempre com a garantia de que o internacional pelo Brasil será uma das mais importantes armas para a recepção aos estudantes mas acima de tudo para mais uma deslocação, mais concretamente ao Restelo.

Preponderância de Jonas é visível nos golos e no trabalho que desenvolve nos jogos

Os jogos disputados fora de casa consistem num obstáculo que todos apontavam como dificuldade no início da época mas que com maior ou menor dificuldade os encarnados vêm sabendo lidar ainda que tenha sido como visitante que a equipa sofreu as actuais três derrotas.

Para contrapor a este facto deve recordar-se que várias das grandes exibições da época tiveram lugar também com a águia como visitante, servindo como exemplo a deslocação ao Dragão, que apenas havia sofrido dois golos em casa até receber as águias, que apontaram precisamente essa marca, venceram o encontro e não mais o FC Porto voltou a encaixar tentos em sua casa até este momento.

Não residiu apenas no Dragão um Benfica confortável enquanto visitante - o mesmo sucedeu frente á Académica, precisamente o rival que recebe na Luz este fim-de-semana, ou ao terreno do Marítimo. Curiosamente Jonas ficou em branco em todos esses encontros, incluindo no clássico da Invicta…

Prova também de que a acção de Jonas na equipa do Benfica contempla um alcance bem superior aos golos, estendendo-se a uma profícua parceria com os laterais, sempre conhecidos pelo apetite ofensivo mas até então sem uma referência capaz de tabelar e aproveitar devidamente esse apoio como se denota especialmente com Eliseu, tornando muito úteis as suas arrancadas pela ala esquerda sempre que procura o movimento interior.

De qualquer forma, e mesmo tendo em conta a contribuição colectiva que oferece, é mesmo pelos golos que Jonas vem sendo falado, o que se compreende pelo facto de se encontrar no top 5 europeu de goleadores no somatório dos tentos referentes apenas ao corrente ano de 2015. Argumento claro de uma importância indesmentível de Jonas que os números vêm demonstrando e continuando a conduzir o campeão até à revalidação do seu ceptro.