Na tarde/noite louca do futebol português, o Porto foi à Madeira empatar com o destemido Nacional com um tiro certeiro para cada lado. Depois da derrota encarnada em Vila do Conde, os dragões passam de 4 para  3 os  pontos de distância e pela primeira vez veem o título depender somente de si. Para este efeito, destaque para Tello e Wagner que acabaram por compor o resultado final, com um golo em cada parte.

Obra-prima de Tello no primeiro tempo

Na Madeira, Nacional e Porto entraram em campo para disputarem os 3 pontos, mas foram os azuis e brancos a dominarem toda a primeira metade do jogo. Ainda antes do pontapé de saída para a partida, destaque para a festa invicta nas bancadas depois da derrota dos rivais na luta pelo título, resultado que permite aos dragões sonharem com o 1º lugar.

O desaire das águias em Vila do Conde condicionou o estado anímico dos invictos, que entraram no jogo com extrema necessidade de resolver tudo rapidamente. Com Danilo, Tello e Herrera em foco, o Porto carregou desde início, empurrando os comandados de Manuel Machado para o seu último reduto. O pressing portista assustou Gottardi ao minuto 11, ficando o registo para o primeiro lance de verdadeiro perigo protagonizado por Casemiro, que atirou sem apelo nem agrado na conversão de um livre com o efeito a passar a centímetros do poste. O domínio do Porto acentuava-se mas faltavam espaços nos últimos 30 metros, onde Aboubakar procurava lances de perigo, sem grande eficácia.

A supremacia territorial era evidente dos azuis e brancos, mas o bom futebol praticado não se refletia em remates à baliza, e para tal destaque total para Rui Correia e Zainadine que limparam as iniciativas de Tello, Brahimi e companhia. À entrada do último quarto de hora da primeira parte, a pressão do Porto aumentou e foi sem surpresa que Alex Sandro ganhou o flanco esquerdo, rematando em zona privilegiada para a primeira grande defesa de Gottardi. O melhor da primeira parte ainda estava para vir e foi já perto do intervalo que o génio de Tello emergiu com relevo para o golo fantástico do espanhol, depois de uma obra de arte que culminou com uma bomba potente e bem colocada que deixou Gottardi pregado ao relvado. O Nacional, por sua vez, foi totalmente inofensivo, com registo apenas para um ensaio tímido de Lucas João que não incomodou as redes de Helton. O 7º tento de Tello na liga ditou o 0-1 ao intervalo, num resultado que se justificava por completo.

2º tempo frenético resulta em empate

A abrir a segunda parte, registo para um livre direto amplamente bem cobrado por Maicon, que teve o azar de embater com o esférico no poste. Este segundo tempo foi globalmente mais equilibrado que o primeiro, e pouco depois do primeiro lance de perigo já referido destaque para uma defesa assombrosa de Helton, que de uma forma espantosa evita o empate.

Com um Nacional visivelmente mais perigoso, foi sem surpresa que Wagner encostou a redondinha para dentro da baliza de Helton, estabelecendo a igualdade, depois de uma jogada fantástica de Camacho pelo flanco esquerdo. Com este tento sofrido, o Porto termina um record de 752 minutos sem sofrer qualquer golo. Ao contrário da primeira parte, os segundos 45 minutos foram emocionantes e logo após o golo do Nacional foi Danilo a subir pela ala direita, encontrando espaço para um autêntico tiro que só foi parado pelo poste de Gottardi.

Ainda sem Jackson Martínez, o Porto viu Aboubakar falhar duas oportunidades de forma infantil, mas o falhanço da noite estava reservado para Lucas João, do lado do Nacional que, com a baliza escancarada ao minuto 71, onde resolveu rematar para fora. Até final o Harry Potter Quaresma ainda mostrou alguma magia que em termos práticos não resultou em qualquer golo, verificando-se o 1 a 1 final ao longo dos 95 minutos.

Porto frustado mas mais perto do primeiro, Nacional ainda sonha com a Europa

O Nacional do estratega Manuel Machado festejou o ponto conquistado frente ao Porto, e teve em Gottardi e Rui Correia a chave na arte de bem defender para permitir na 2ª parte, a jogadores como Camacho e Wagner, demonstrarem de forma surpreendente o caminho para as redes de Helton. Contas feitas, o Nacional encontra-se no 9º lugar com 33 pontos, e a 8 jornadas do fim a Europa é ainda uma possibilidade.

Nas redes portistas Helton esteve gigante, mas em sentido inverso Alex Sandro esteve desastroso nas abordagens defensivas. Na frente, Tello e Quaresma, em actuações artísticas, foram os melhores dos azuis e brancos, mas a verdade é que o resultado final não se alteraria. Os invictos mantêm o segundo lugar da Liga NOS, com 62 pontos, a 3 do líder Benfica, com um registo de 58 golos marcados e 11 sofridos, dos quais resultam um overage de 47, tendo o Benfica 50. Esta vantagem mínima dos encarnados significa que até final iremos assistir a uma luta intensa, feroz e empolgante até ao último apito.