O FC Porto ultrapassou com eficácia a distinção a dupla prova de fogo perante si colocada nas jornadas 23 e 24 - com duas partidas de extrema dificuldade à sua frente, os dragões encaravam os duelos de Sporting e Sporting de Braga como uma espécie de «do or die». Ou cerravam os dentes e caminhavam sobre as brasas ou pereciam no fogo intransponível do duplo obstáculo que terceiro e quarto classificado representavam.

A verdade é que os portistas passaram no teste com distinção, marcando quatro golos e não concedendo nenhum - contra o Sporting, rival contra o qual Julen Lopetegui ainda não tinha ganho dois duelos volvidos, o Porto dominou e acabou por derrotar com clarividência o Leão. Três golos de Cristian Tello abaterem o rei da selva, tímido, e, na jornada seguinte, novo golo de Tello decidiu o tira-teimas da Pedreira, contra uma equipa que por duas vezes fizera (de)penar a águia.

Saldo extremamente positivo, duas exibições sólidas contra equipas de nomeada e novo fulgor psicológico - estas foram as evidências resultantes dos dois testes de fogo, e, com as duas vitórias na algibeira, o Porto encara as últimas dez jornadas da Liga NOS com maior confiança em si mesmo. Perseguir o Benfica poderá ser uma tarefa espinhosa, dada a velocidade de cruzeiro do barco encarnado, mas o «display» portista foi positivo o suficiente para dar motivação à nau azul.

Cristian Tello foi, por entre as boas exibições colectivas, a cara do sucesso portista - o extremo espanhol saiu da casca e mostrou os dotes pelos quais foi resgatado de Barcelona: velocidade, desmarcação perspicaz e capacidade para quebrar as linhas defensivas. Na cara de Rui Patrício e Matheus (dois dos melhores guarda-redes desta liga), Tello não hesitou e nunca falhou, sendo ele o finalizador implacável.

Na conexão Porto-Braga, Tello mostrou o porquê da sua contratação: é uma ameaça constante quando colocado na zona onde é mais imprevisível, ou seja, colado aos centrais, pronto para deslocar em velocidade, atento aos espaços nas costas das defesas, armado da sua agilidade e à espreita de derivações que coloquem em xeque a organização defensiva adversária - caminhou sobre brasas entre o Porto e Braga e não vacilou. O FC Porto agradeceu a sua frieza.