Quinta-feira, 28 de Agosto de 2014, dia do sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões 2014/2015. Desde essa altura que se considera, de forma unânime, que, de entre as equipas portuguesas, o FC Porto foi a mais bafejada pela sorte quando, no Mónaco, conheceu os seus adversários. 

Ainda assim, é pouco credível que, mesmo o portista mais otimista, previsse um passeio que raramente se vê a este nível e, quando se vê, está apenas ao alcance dos tubarões Real Madrid, Barcelona e Bayern Munchen que, nesta década, cada vez se afirmam como os 3 semi-finalistas conhecidos à partida (é preciso recuar até 2008/2009 para se encontrar uma edição em que, pelo menos, 2 destas 3 equipas não cheguem às semi-finais).

Quando falta ainda uma uma jornada para se concluir a fase de grupos o FC Porto tem já o primeiro lugar do grupo e record de golos nesta fase da prova assegurados (o ataque dos azuis e brancos é, neste momento, o melhor de toda a competição). Independentemente dos adversários, estes resultados não podem deixar de ser relevados. Num dos momentos em que o futebol português é mais valorizado na sua história, apenas dois treinadores nesta década conseguiram chegar às 16 melhores equipas europeias, foram eles Jorge Jesus em 2011/2012 e Vítor Pereira em 2012/2013 sendo que apenas Jesus o fez depois de ser primeiro do grupo.

O momento alto desta fase do grupos do FC Porto terá sido, porventura, a exibição categórica no San Mamés. Essa exibição e resultado numa altura em que o Athletic jogava uma cartada decisiva no seu futuro na europa, perante o seu temível público, foi uma verdadeira surpresa.

Mesmo não jogando com equipas muito mediáticas este FC Porto já conseguiu a curiosidade da europa do futebol, sendo talvez a maior prova disso a valorização de Brahimi. Não creio que as declarações elogiosas de Laurant Blanc e, muito menos, a eleição da BBC do argelino como melhor jogador africano do ano se possam dissociar desta campanha dos dragões na Champions.

Até onde pode este FC Porto chegar?

Sinceramente, apesar de muito elogiar esta campanha do FC Porto na fase de grupos, não creio que significará muito na fase a eliminar da competição e mantenho o que sempre defendi. Para um candidato ao título português, a chegada aos oitavos-de-final é o mínimo exigível mas qualquer coisa mais que isso já significará uma excelente campanha. O que mais influeciará a performance dos dragões na fase a eliminar será o sorteio e, mesmo esse, pode ser enganador (ninguém no FC Porto deve estar esquecido das recentes eliminatórias com o Málaga ou o Schalke 04).

Independentemente do que for a Champions para os comandados de Lopetegui a partir de Fevereiro, este podem já estar orgulhosos porque já pertencem à história do clube e do futebol português com uma das melhores fases de grupos de sempre. Com o record de golos no bolso, seria uma pena desperdiçar, no Dragão, a possibilidade de igualar também o record de pontos da equipa de António Oliveira versão 96/97. É nisto que o FC Porto, para já, deverá estar concentrado e, depois disso, continuar humilde perante seja qual for o adversário pois certamente todos chegarão aos oitavos-de-final com a mesma ilusão. É esta a receita para o sucesso.