Aconteça o que acontecer nestes oitavos-de-final do Mundial 2014, um facto está garantido, prendendo-se com a garantia de que neste Sábado se garantirá um encontro válido pelos ‘quartos’ da prova composto exclusivamente por conjuntos oriundos da América do Sul, juntando o vencedor do duelo entre Brasil e Chile e o talvez ainda mais emocionante confronto entre Colômbia e Uruguai.

Entre ‘cafeteros’ e ‘celestes’ estará garantido um excelente duelo entre duas equipas de quase ilimitadas expectativas em relação ao resultado final neste certame, mas desde já algo manchado na vertente espectáculo face à confirmação do afastamento daquela que será de forma indiscutível a estrela maior da equipa do Uruguai, o irascível Luis Suarez, pois será punido pela mordidela que voltou a colocá-lo nas ‘bocas do Mundo’… e novamente pelas piores razões.

Suárez será a grande ausência do lado uruguaio (Foto: AFP)

Mesmo sem Suarez o presente e o futuro da ofensiva uruguaia parece garantido

Sem poder contar com Suarez, os uruguaios deverão depositar praticamente todas as suas esperanças no seu habitual companheiro de ataque, também ele uma figura de categoria internacional capaz de desequilibrar qualquer confronto, o também goleador Edinson Cavani, que procurará fazer uso da sua enorme experiência internacional angariada na Europa desde o momento em que há vários anos chegou a Itália para representar o Palermo, equipa de dimensão média na Serie A.

Será expectável um ataque uruguaio liderado por Cavani, mas entre as escolhas de Oscar Tabarez existe outra escolha valiosa que curiosamente actua no supramencionado Palermo e detém capacidades mais do que suficientes para que a ofensiva não se ressinta da ausência de Suarez, verificando-se a presença do veloz Abel Hernandez no leque de alternativas ‘celestes’.

O atacante possui também um reconhecido faro de golo capaz de possibilitar os tão desejados tentos necessários para uma festejada qualificação e lidera um grupo de jogadores que embora não se encontrem neste lote de 23 garantem a continuidade da produção goleadora da nação, casos dos promissores Franco Acosta, que estará na lista de possíveis reforços do Sporting, ou Nicolas Lopez, futebolista ligado à Udinese.

Como ponto forte, o Uruguai apresentará também o seu eixo defensivo no qual se destaca um atleta que se conhece pela curiosa tendência que revela pelo golo nos encontros mais importantes, Diego Godín, que no espaço de poucas semanas apontou o golo que valeu a conquista de La Liga ao Atlético de Madrid, quase garantiu a Champions aos ‘colchoneros’ ao voltar a marcar, desta feita no Estádio da Luz ao Real Madrid, e ainda marcou o golo vitorioso no último confronto da sua nação perante Itália.

Dotado de substitutos de reconhecida qualidade para Suarez e um central goleador, ainda assim o Uruguai revela algumas debilidades que se poderão encontrar na ausência de opções para as zonas mais criativas do meio-campo, posição na qual Nicolas Lodeiro, Gastón Ramirez ou Alvaro Gonzalez ainda não atingiram exibições ao nível das melhores selecções mundiais apesar do potencial que possuem.

Não deve também esquecer-se a própria baliza, onde Fernando Muslera é capaz de grandes defesas mas também de algumas desconcentrações fruto de um estilo marcado pela inconstância psicológica e emocional que por vezes se junta aos apurados reflexos que possui.

Carrossel ofensivo reforçado pelas laterais torna a Colômbia uma equipa perigosa

No que concerne à Colômbia, chegará ao encontro na sua máxima força e liderado por uma das grandes figuras até ao momento neste Mundial, o bem conhecido do futebol português James Rodriguez, que para já ‘presenteou’ cada um dos adversários que encontrou com um golo marcado, o que perfaz uma soma de três, uma situação que certamente preocupará os seus oponentes…

Para lá da magia de James, os ‘cafeteros’ surgem ainda reforçados por uma perigosa arma que os tem diferenciado das restantes selecções em prova, a competência ofensiva dos seus laterais que faz com que se tornem verdadeiros extremos e que em várias ocasiões em cada jogo sejam pelo menos seis os elementos que fazem parte do carrossel atacante que se tornou esta equipa, devendo destacar-se as acções de Pablo Armero pela ala esquerda.

A estas saliências deve ainda acrescentar-se o ‘factor banco’ que se constata pela presença de vários suplentes de luxo capazes de a qualquer momento acrescentar qualidade, descortinando-se o portista Juan Quintero como um claro exemplo de classe também reconhecida.

Como debilidade a explorar a Colômbia terá contra si a reduzida velocidade e destreza de movimentos no seu eixo defensivo, especialmente devido à veterania do indiscutível Mario Yepes, que realiza o último Mundial da sua carreira e deverá dar lugar a jovens valores como Cristian Zapata, com quem forma dupla, Éder Balanta, que disputa já o seu posto, e Jherson Vergara, jovem ligado ao AC Milan que esteve próximo de reforçar o Olhanense por empréstimo nos seis meses finais desta última época.

Pesadas as forças e (poucas) fraquezas de ambos os conjuntos, Colômbia e Uruguai parecem capazes de garantir um dos encontros mais aliciantes e disputados da competição. Depois de criarem água na boca falta apenas a confirmação.