Foi ontem anunciada a continuidade do antigo jogador Petit enquanto treinador do Boavista, equipa que irá disputar a principal liga portuguesa na próxima temporada. Com esta decisão da direcção axadrezada, Petit será o líder técnico da formação no hercúleo desafio de atingir a manutenção no campeonato nacional: um voto de total confiança nas capacidades do técnico, que preenche o lugar desde 2012/2013.

Desafio hercúleo

A direcção do Boavista revê-se na capacidade de trabalho de Petit, apostando sem reservas na perícia do jovem treinador de 37 anos. Depois de ter liderado a turma axadrezada na odisseia da II Divisão e no Campeonato Nacional de Séniores, o antigo jogador de Boavista e Benfica (campeão por ambos os clubes) terá pela frente os tubarões da primeira liga, todos eles partindo com vantagem em relação ao Boavista, que carece de uma estrutura global à altura da competição.

A subida do clube, ditada por erros processuais no famigerado caso «Apito final», ressuscitou a antiga quarta força do panorama futebolístico nacional, precipitando assim o alargamento da prova (de dezasseis para dezoito clubes) e uma reestruturação interna que obrigará o Boavista a apetrechar-se sobremaneira para lidar com as dificuldades de uma provação para a qual não está ainda preparado. Com a tesouraria em maus lençóis (foi despromovido à II Divisão por não possuir os resquisitos financeiros para competir), a instituição presidida por João Loureiro exigiu a subida e pretende ser ressarcida pela descida, ordenada em 2008.

Fary: 39 anos e pronto para regressar à Liga

O ponta-de-lança senegalês Fary está de regresso à liga portuguesa. O atacante boavisteiro assinou novo contrato com o clube, assegurando desse modo o regresso a uma competição que conhece bem. Com 39 anos, Fary torna-se assim um caso de longevidade atingido por pouquíssimos dos seus pares: será, ao que tudo indicado, o jogador mais velho do campeonato, ele que conta com uns extraordinários 22 de carreira.

O jogador senegalês, que representou o Boavista entre 2003/2004 e 2007/2008, voltou ao clube do coração em 2011/2012. O seu conhecimento do futebol português terá pouca rivalidade, dada a sua longa estadia em terras lusas: desde 1996 que Fary trabalha, ininterruptamente, em Portugal. O atacante chegou, nesse ano, para representar o U. Montemoro, indo depois para o Beira-Mar, em 1998/1999.

Época para singrar ou quebrar?

São prematuras as análises à capacidade deste Boavista. Depois de uma travessia no deserto (desportivo e financeiro), a formação que outrora se sagrou campeã portuguesa (em 2000/2001) enfrenta agora uma temporada maior que as suas actuais possibilidades. A radical mudança de paradigma desportivo, impulsionada pela decisão judicial da reintegração na liga principal, obrigará o Boavista a edificar uma equipa capaz de lutar pela manutenção. A tarefa adivinha-se hercúlea.

Sem recursos financeiros e com um lote de jogadores inexperientes, o Boavista parece assim totalmente impreparado para uma temporada longa que poderá acabar em fracasso. Cabe à direcção descobrir fontes de rendimento que possibilitem formas de construir as fundações básicas de um plantel capaz com as outras equipas do escalão. Caso contrário, poderemos estar perante uma época devastadora para o clube, que pretende readquirir o estatuto que antigamente detinha na esfera do futebol luso.