Do dia para a noite, assim se pode resumir a temporada 2013/2014 do Paços de Ferreira. Após terminada uma temporada histórica, onde o clube alcançou o treceiro lugar do campeonato e correspondente acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões, o clube pacense procedeu a uma multiplicidade de alterações, algo que acabou por destabilizar a equipa, destruíndo todo o trabalho realizado até então.

Do céu ao inferno

A época anterior trouxe à ribalta do futebol nacional nomes até à altura desconhecidos dos altos estractos do futebol nacional. O destaque vai, em primeiro lugar, para Paulo Fonseca; oriundo do Desportivo das Aves, o técnico acabou por fazer o impensável e levar a equipa a um campeonato memorável, algo que lhe valeu o ingresso no FC Porto. O sucesso dos castores acabou por levar à saída de jogadores como Josué, Vítor Silva, Cássio ou Diogo Figueiras; fazendo-se valer do trunfo «Champions», a direcção pacense conseguiu arranjar subsitutos que se esperavam estar à altura dos novos desafios do Paços de Ferreira, com principal destaque para o extremo Bebé. Olhemos de perto as entradas e saídas ao longo da temporada do Paços. (fonte: zerozero.pt)

Entradas

Saídas

Bédi Buval - Académica João Paulo - Aliados do Lordelo
Seri - FC Porto Luíz Carlos - SC Braga
Romeu - Desp. Aves Josué - FC Porto
Rodrigo Antônio - Marítimo Arturo Álvarez - Videoton
Eridson - Belenenses Backar Baldé - Atlético CP
Uillian Correia - Feirense Rafinha - Trofense
Sérgio Oliveira - FC Porto (emp) Xeka - SC Braga
Roberto Dias - Campinense Luís Sousa - Desp. Aves (emp)
Matías Degra - AEL Limassol Silva - U. Madeira (emp)
Gino Guerrero - Juan Aurich Javier Cohene - V. Setúbal
Hélder Lopes - Beira-Mar Carlão - Tirsense
Fernando - Fluminense Zé Valente - Desp. Aves
Rui Miguel - AEL Limassol Paulo Loureiro - Black Aces
Dong-Wook Seo - Bucheon SK Abdullah Al-Hafith - Al Hilal
Rúben Ribeiro - Beira-Mar Diogo Figueiras - Sevilla
Grégory Arnolin - Sporting Gijón Rui Filipe - Salgueiros 08
Jaílson - CSP (emp) Antunes - Málaga
Bebé - Man.United (emp) Ivo - Gondomar
Carlão - SC Braga Cássio - Arouca
Duarte Duarte - Benfica Roberto Dias - Astra Giurgiu
Yonathan Del Valle - Rio Ave Eridson - Atlético CP (emp)
Rafael Amorim - Desp. Aves Pitufo - Aliados Lordelo
Flávio Boaventura - ABC Vítor - Alfenense
Minhoca - Santa Clara Jaime Poulson - Desp. Aves (emp)
Osório - AD Sanjoanense
Luís Barros - Tirsense
Zé Miranda - Mondinense
Cláudio - Sobrado
Vítor Silva - Sporting
Rúben Ribeiro - Rio Ave
Caetano - Gil Vicente
Paolo Hurtado - Peñarol (emp)
Pedro Sousa - Ribeirão (emp)
Duarte Duarte - UD Oliveirense (emp)
Uillian Correia - Sampaio Corrêa
Christian Irobiso - FK Senica
Carlão - Shijiazhuang Y. Junhao
Cícero - FC Astana (emp)

A tabela apresentada é elucidativa da verdadeira revolução ocorrida no plantel do Paços de Ferreira. Apesar das muitas saídas, algumas relativas ao final de um empréstimo ou de contrato, o verdadeiro destaque está no número de entradas no plantel. As 24 caras novas na equipa pacense são paradigmáticas da total alteração de rumo protagonizado pelo clube. (foto:zerozero.pt)

É frequente ver alguns clubes procederem a algumas alterações em número excessivo durante os defesos, contudo, se compararmos esta tabela com o trajecto da equipa durante a temporada, podemos ver que houve um constante esforço na tentativa de remendar o plantel, tendo em conta a sua posição no fundo da tabela do campeonato, uma vez que a maioria destes jogadores entraram directamente na equipa principal como a possível solução para os problemas do Paços.

Depois de uma expectável eliminação da Liga dos Campeões aos pés dos russos do Zenit, o campeonato começou com quatro derrotas em outros tantos jogos; a primeira vitória ocorreu à 6ª jornada nos Barreiros, diante do Marítimo. Apesar disso, e após mais duas derrotas no campeonato, que se somavam às duas derrotas e um empate na Liga Europa, deu-se a primeira chicotada psicológica na equipa técnica. Costinha saía, entrava Henrique Calisto.

A era Calisto

Henrique Calisto (foto: rtp.pt) voltou a Paços de Ferreira na tentativa de recuperar uma equipa frágil e insegura, cercada por contestação e instabilidade directiva. A verdade é que, apesar da equipa parecer mais motivada e a jogar melhor futebol, os resultados simplesmente não apareciam. Em 20 partidas na liderança técnica dos castores, o técnico matosinhense somou 5 vitórias, 5 empates e 10 derrotas. Dos triunfos, 2 foram para a Taça da Liga, contudo insuficientes para garantir a passagem às meias finais da prova, 2 foram para o campeonato (Belenenses e Olhanenese).

Para além disso, e apesar de ter eliminado o Tondela na 4ª eliminatória da Taça de Portugal, os pacenses acabariam eliminados na eliminatória seguinte pelo Desportivo das Aves. E se os fins-de-semana em Paços de Ferreira eram para esquecer, as Quintas-feiras não eram melhores; dois empates a zero e uma derrota traçavam o percurso desastroso dos castores na Liga Europa, terminando a prova com três pontos, um golo marcado e oito sofridos.

Não há dúvida que com Henrique Calisto o Paços de Ferreira demonstrou mais vontade e melhor futebol, contudo, as feridas abertas no início da época pareciam não ter forma de sarar, e após uma derrota por 4-0 em Setúbal, foi a vez de Calisto ser despedido, deixando a equipa no último lugar da tabela com apenas 13 pontos. Jorge Costa foi o seu sucessor.

Bendito Boavista!

Com mais de metade do campeonato já jogado, o Paços de Ferreira, agora de Jorge Costa, parecia não ter tarefa fácil no que dizia respeito à luta pela permanência na Liga Zon Sagres. O treinador portuense deixou o Anorthosis Fmagusta do Chipre para tentar salvar os castores, e a verdade é que as coisas foram diferentes; Jorge Costa mudou o sistema de jogo da equipa e os resultados fizeram-se sentir logo no primeiro jogo: vitória em casa por 3-1 diante do Marítimo. Depois de uma derrota com o Gil Vicente seguiram-se duas vitórias consecutivas (V.Guimarães e Arouca), algo inédito na temporada pacense.

A chegada de Jorge Costa coincidiu com a explosão de Bebé (foto: abola.pt); com a mudança tática do novo treinador, o extremo português protagonizou uma subida notável de rendimento, algo que o colocou na lista de alguns como possível convocado de Paulo Bento para o Mundial do Brasil.

O mês de Abril acabou por se revelar um tanto agri-doce. Em campo os pacenses tiveram por derrotas os três jogos realizados, contudo, da secretaria vinha a notícia de que o Boavista iria jogar no escalão maior do futebol nacional na próxima época, algo que levaria ao aumento do número de clubes na Liga Zon Sagres. Este processo implicaria que, ao contrário do previsto, apenas o último classificado desceria directamente de divisão, enquanto que o penúltimo disputaria uma liguilha com uma equipa da 2ª Liga.

Este ligeiro aumento de margem de manobra revelou-se nuclear na temporada pacense; à entrada para a última jornada, os castores ainda disputavam a permanência com Belenenses e Olhanense. No final, a equipa da capital do móvel acabou por ficar no 15º lugar, indo disputar a permanência na Liga Zon Sagres com o Desportivo das Aves.

Após dois jogos muito competitivos, os pacenses acabaram por garantir a permanência, evitando assim um completo annus horribilis em Paços de Ferreira. Contudo,e apenas poucos dias depois de ter garantido a manutenção, o presidente Carlos Barbosa apresentou a sua demissão do cargo pela segunda vez num curto espaço de meses.

A temporada 2013/2014 do Paços de Ferreira poderá servir de exemplo, não só ao próprio clube, como a outros que, após um ano fantástico, decidam alterar o seu rumo e elevar a fasquia para realidades às quais não estão habituados. Não se deve dar um passo maior que a perna.