O fim-de-semana foi dedicado à Taça de Portugal e o primeiro dia referente aos oitavos-de-final da competição decorreu sem surpresas: o FC Porto recebeu e goleou o Atlético por expressivos 6-0, enquanto na Luz, o Benfica vingou-se do susto pregado pelo Gil Vicente aquando da segunda jornada da Liga, massacrando os gilistas com uma mão cheia de golos sem resposta.  Nos outros encontros, o Estoril banalizou o Leixões, arrebatando o triunfo com um dilatado 1-5, onde Bruno Lopes brilhou ao apontar quatros golos em trinta minutos. O Rio Ave, que defrontou em casa o Vitória de Setúbal, também progrediu para os quartos-de-final da Taça, numa partida que apenas foi decidida através de uma marcação de grande penalidade já para lá do minuto 90: Ukra não titubeou e carimbou a passagem à fase seguinte.

Para o Domingo estavam reservadas as surpresas da eliminatória. Académica e SC Braga não vacilaram perante os seus adversários, Beira-Mar e Arouca, respectivamente. Se os «estudantes» sofreram apertos dos aveirenses, os bracarenses ultrapassaram o Arouca sem dificuldades, vencendo por 2-0 no Estádio Axa. Já nos outros dois jogos do dia, foram os forasteiros «underdogs» a fazer estragos em equipas do primeiro escalão nacional, surpreendendo tudo e todos. Nos Barreiros, o Marítimo foi derrotado pelo Penafiel, por 2-3, enquanto que na Mata Real o Paços de Ferreira foi afastado pelo Desportivo das Aves, por 1-2. Conhecidas todas as equipas apuradas, a eliminatória seguinte está já marcada: 5 de Fevereiro será o dia no qual se jogarão os quartos-de-final da prova rainha.

«Poker» de Bruno Lopes aniquila Leixões

Bruno Lopes foi a figura em destaque: uma avalanche de golos aniquilou o Leixões e empurrou o Estoril para uma vitória esclarecedora e contundente. Os quatros golos de Bruno Lopes foram obtidos na primeira meia hora da partida: aos 11 minutos, num lance de contra-ataque pleno, aos 23, aos 28 e aos 30, sem nunca dar hipótese ao Leixões de respirar fundo e pensar no que fazer para parar a vertigem de golos imposta pelo brasileiro de 27 anos. Mailo ainda reduziu para 1-4, mas a goleada seria confirmada por Gerso, aos 90+1 minutos. «Marcar quatro golos em 30 minutos é um sonho para qualquer jogador, foi uma tarde perfeita. Tenho de agradecer aos meus companheiros porque me ajudaram muito, inclusive na fase em que estive lesionado», declarou Bruno Lopes depois da partida, claramente extasiado com o feito.

São Ricardo das grandes penalidades

Ricardo tem sido fundamental na baliza da Académica, mas no Sábado passado o guarda-redes da equipa de Coimbra foi São Ricardo, divindade que desceu à terra para parar duas grandes penalidades e assim evitar que o Beira-Mar pudesse eliminar a Académica. Por duas ocasiões Ricardo negou o golo aos aveirenses: primeiro à passagem do minuto 63, impedindo Luís Gustavo de festejar, depois aos 85, tirando o pão da boca a André Nogueira, que se preparava para empatar a contenda. A formação de Sérgio Conceição marcou aos 25 minutos, por intermédio de Magique, e teve de sofrer depois para suster a vontade aveirense de empatar a partida. Ricardo, que já defendera uma grande penalidade diante do FC Porto, voltou a repetir a façanha, mostrando claramente que a sua aptidão entre os postes não é um mero acaso. Reiner ainda deixou os «estudantes» a jogar em inferioridade numérica, mas, mesmo assim, a Académica salvou a vantagem e avançou para a fase seguinte.

Ukra decidiu jogo para lá dos 90 minutos

Jogo dividido, apenas resolvido com a marcação dramática de um castigo máximo, já depois do tempo regulamentar. O Rio Ave, a jogar em casa, marcou aos 90+2 o golo que pôs um ponto final no nulo que se verificou durante todo o encontro. Ukra, frente-a-frente com o guardião, marcou o golo que atirou o Vitória de Setúbal borda fora. A superioridade vilacondense, embora existente, foi tímida para derrubar um Vitória que caiu apenas sob a pena do castigo máximo.

Braga venceu com tranquilidade

O Braga recebeu o Arouca, último classificado da Liga, e de imediato se colocou em vantagem, através de Pardo, ainda o jogo era uma criança de cinco minutos. Rafa, maestro dos «guerreiros» durante a partida, foi decisivo para a segura actuação bracarense, e foi de sua autoria o segundo tento arsenalista, golo que sentenciou o Arouca de Pedro Emanuel à eliminação. Pintassilgo ainda tentou contrariar o destino, mas a trave da baliza de Eduardo manteve as redes caseiras invioladas.

Marítimo cozinhado no Caldeirão

O favoritismo era do Marítimo e a marcha do marcador até se iniciou de acordo com tais expectativas, depois de um auto-golo de Fábio Ervões, aos 12 minutos. Mas o guião da partida iria ter um desfecho bem diferente do esperado. Gabi exprimiu, com um golo, a reacção do Penafiel: 1-1 à passagem do minuto 25. Dez minutos depois, Aldair completou o volte-face no resultado, 1-2 a favor dos visitantes. Rafael Lopes deu a terceira estocada, aos 56, deixando os incrédulos madeirenses à beira de um ataque de nervos, que o golo de Héldon, aos 67 minutos, não evitou. A saída da Taça, ditada pelos três golos penafidelenses, provocou uma reacção de desapontamento no presidente do clube, Carlos Pereira, que colocou em Pedro Martins o ónus da mudança: «É uma desilusão muito grande face ao que se passou em campo. Acho que esta equipa tem condições para fazer muito mais. Não podemos ter esta dinâmica e o Pedro Martins tem que pensar seriamente naquilo que está a fazer. Terá que alterar esta situação. O Pedro Martins tem que justificar esta desilusão que se abateu sobre nós».

O «fraco» Poulson que deixou Paços KO

O Paços de Ferreira continua a sua péssima época, agora estendida à Taça de Portugal: os pacenses foram eliminados, ontem, pelo Desportivo das Aves, em plena Mata Real. O jogo começou de feição para os «castores», com o extremo Bebé a inaugurar as hostilidades, decorria o minuto 43: 1-0 para o Paços de Ferreira. Mas o herói da partida ainda não tinha proclamado tal epiteto - isso viria a acontecer somente na segunda parte, com um bis que deu a volta à vantagem pacense. Poulson marcou, aos 72 e aos 82 minutos, deixando a equipa à qual o avançado está vinculado (está no Aves em regime de empréstimo) fora da Taça. Confrontado com a exibição de Poulson, o técnico Henrique Calisto adjectivou o atacante de «fraco», afirmando que «se jogasse sempre assim, se calhar, estaria no Paços». O certo é que o «fraco» Poulson chegou para deixar o Paços de Calisto KO.