Cumprir os objectivos a curto prazo mas com a incógnita do futuro. Assim se pode resumir o ano em Olhão, onde a situação económica do clube local não tem deixado planear a parcela futebolística em boas condições para chegar com garantias à Liga Zon Sagres. Foram, porém, as muitas alterações vividas pelo clube num curto espaço de tempo a fazer com que o ano acabe com os rubro-negros na última posição da tabela.

No começo do ano, Manuel Cajuda substituía Sérgio Conceição, que renunciou ao banco de Olhão. O histórico treinador luso dirigiria pela primeira vez o clube da sua cidade natal, mas nem por isso chegou ao sucesso e os resultados não foram os esperados. Os problemas do clube não ajudavam a equipa a mudar a dinâmica negativa em que se mantinha e com apenas três jornadas, a descida à Segunda Liga parecia certa, num empate aos pontos com Moreirense e mais um ponto que Beira-Mar.

Saraiva volta a casa

No meio da crises desportiva e social, a direcção olhanense decidiu mexer no banco novamente. Assim, se saía um adepto do clube, quem entrava era um homem que também sentia as cores locais no coração. Bruno Saraiva leva no seu Bilhete de Identidade 17 anos ao serviço rubro-negro, todos como jogador.

Os jogadores do Olhanense cumprimentam aos de Gil Vicente antes do jogo. Foto. José María García Nolé

O grande problema que o novo técnico importava para o emblema era a reduzida experiência na preparação de uma equipa, contando tão só com uma boa época na Primeira divisão do Algarve. Na altura só faltava disputar três jogos: Rio Ave, Sporting e Marítimo. O grande problema era a deslocação a Lisboa, mas esperava-se um começo seguro frente aos vilacondeses. O triunfo no primeiro jogo de Saraiva seria a chave para manter a equipa na primeira categoria, já que Moreirense e Beira-Mar só viriam a ganhar um jogo nas três jornadas, enquanto os algarvios só perderiam na capital do país.

Curta e intensa foi, porém, a aventura de Bruno Saraiva naquela que sempre foi a sua casa, mas também com sucesso. Chegou e conseguiu manter o clube na Primeira Liga, muito à custa de uma sólida defesa da própria baliza, já que só o Sporting conseguiu pôr a bola entre os postes algarvios.

Instabilidade como forma de subsistir

Os problemas do clube obrigaram-no a voltar-se para o exterior, e conduziram-no às mãos de um grupo de empresários italianos. Alguns jogadores que haviam sido contratados no fim da época 2012/13 como reforços para a época que começava depois do Verão saíram sem participar em jogo algum, e os novos donos trouxeram os seus próprios jogadores. O treinador eleito para levar o barco a bom porto foi Abel Xavier, que teria em Olhão a sua estreia com profissional no banco.

Com a Liga já a decorrer, ainda a direção técnica e o treinador tratavam as contratações que completaram um plantel algo débil nos seus diferentes sectores. Obviamente que os jogadores que chegavam a Olhão, já com a prova a decorrer, estavam livres, sem clube, e o Olhanense não teria de despender qualquer verba na sua contratação. Abel Xavier mostrou, porém, uma qualidade importante nos treinadores, mais a mais numa equipa modesta, e utilizou bem a matéria-prima que tinha à sua disposição para cimentar uma equipa capaz de bons rendimentos. Nas oito jornadas em que esteve no cargo, o Olhanense conseguiu nove pontos e segurava-se no 11ª lugar.

Paulo Alves na sua apresentação. (Foto: somosnos.olhanense)

Embora a situação no relvado tivesse melhorado face à época anterior, a situação financeira continuava no vermelho, e a saída de Abel Xavier do comando da equipa foi encarada como forma de aliviar a folha salarial do clube. O contrato foi rompido de mútuo acordo e os rubro-negros contrataram o seu quinto treinador do ano 2013: Paulo Alves. Outro ex-jogador do clube, mas, desta vez, um que já teve uma boa experiência no banco do Gil Vicente e mostrava, por isso, outras credenciais. Por infortúnio, seria com Paulo Alves que os problemas desportivos regressariam à cidade algarvia. De facto, Paulo Alves não se tem mostrado capaz de competir com os números do Abel Xavier, e a equipa já só pode olhar para cima na tabela. Em sete jogos com o novo treinador a equipa ainda não sabe o que é vencer e só conseguiu um único ponto, acumulando 6 derrotas consecutivas. Este último facto deixa o clube algarvio especial e moralmente abalado, e sem muitas alternativas oriundas da direcção, já que, problema fatal, não há capacidade para mais avultados investimentos. Ainda assim, 2013 termina com o campeonato sensivelmente a meio do percurso, pelo que ainda poderá haver tempo para a recuperação dos representantes do Algarve na Liga ZON Sagres, que já na época passada se deparou com situação semelhante.