Mais uma semana europeia, mais um desastre português na Europa: cinco equipas, cinco partidas, zero vitórias. Uma autêntica desilusão na odisseia europeia para as equipas lusitanas, que, nas últimas três rondas internacionais, não conseguiram uma única vitória, o que perfaz um total de quinze jogos disputados sem ter sido obtido qualquer triunfo, quer na Liga dos Campeões quer na Liga Europa. Para piorar esta interpretação, somente os factos chegam para pintar um cenário ainda mais tenebroso: em 60 pontos disponíveis até agora (em todos os jogos europeus) os clubes portugueses apenas conseguiram arrebatar 15, o que significa que, em vinte jogos disputados, apenas ocorreram três triunfos: um na Luz, do Benfica contra o Anderlecht, outro em Viena, vencido pelo FC Porto, e outro ganho pelo Vitória de Guimarães frente ao Rijeka. Perto da eliminação irreversível, todos os intervenientes portugueses vivem situações precárias nas competições onde estão inseridos e muito se fala já da impotência dos clubes nacionais perante o futebol estrangeiro, que até em situações de menor favoritismo têm conseguido embaraçar as equipas lusitanas do Benfica, FC Porto, Estoril, Vitória de Guimarães e Paços de Ferreira.

Benfica: jogar bem só deixou amargo de boca

Por muito que as vitórias morais possam amenizar o sabor amargo da derrota, a verdade é que o Benfica saiu de Atenas, na passada Terça-feira, com um sentimento puro de injustiça: Roberto defendeu tudo o que houve para defender e os encarnados, apesar do bom jogo produzido, perderam (1-0) à mercê de um golo de Manolas, num erro recorrente deste Benfica, sempre passivo nas bolas paradas. Jorge Jesus alterou o seu esquema táctico para um 4-3-3 mais consistente que o seu habitual 4-2-4 e os resultados foram evidentes: melhor posse de bola, melhor gestão do ritmo de jogo, mais consistência no centro do terreno e maior liberdade para Markovic e Gaitán. Rúben Amorim, o terceiro elemento do meio-campo, fez um jogo excelente e afirmou o seu valor para futuros encontros. Há quem diga que o Benfica perdeu «mas ganhou uma equipa». Veremos se Jesus pensa assim, mantendo então o sistema 4-3-3. O Benfica está praticamente fora da Liga milionária, posicionando-se em 3º lugar do grupo C, atrás de PSG e Olympiakos

FC Porto: o empate da estagnação

Em São Petersburgo, uma vitória relançava o FC Porto para o apuramento, e a partida até começou de feição para os «dragões», pois Lucho, de cabeça, marcou primeiro a passe de Danilo. Mas, sem tempo para saborear o festejo do golo do argentino, o Porto precipitou-se e copiou o erro defensivo que tinha permitido, no fim-de-semana, o empate do Belenenses: destrambelhamento total da defesa do FC Porto, com Helton e Alex Sandro desentendidos, enquanto Hulk por eles passava a velocidade de cruzeiro, marcando o golo do empate (1-1) com que terminaria a partida. Muito disputado, o encontro nunca caiu para o lado dos portistas, que assim se mantêm atrás do Zenit e do líder Atlético de Madrid no grupo G. Apesar de se ver armadilhado num cenário de difícil estagnação, o Porto alimenta ainda esperanças em passar à fase seguinte da prova.

Paços de Ferreira: a derrota habitual

A fraquíssima campanha do Paços, tanto na Liga portuguesa como na Liga Europa deixava antever nova derrota, e, sem margem para dúvidas, o Dnipro tratou de confirmar a desgraça pacense com um inequívoco 2-0 no seu próprio estádio, com golos de Matheus (44 minutos) e Konoplyanka (66 minutos), este último marcado através de um brilhante remate pleno de efeito. No primeiro jogo europeu do novo técnico Henrique Calisto, e num jogo sem história para a equipa portuguesa, a derrota foi mais um prego no caixão do Paços, que assim se vê fora da Liga Europa, com 1 ponto apenas, fruto de um empate com os romenos do Pandurii

Estoril: tanta chance e nenhuma deu golo

O Estoril imitou o Benfica em termos de exibição: carregou sobre o adversário, demonstrou a sua superioridade técnica mas...não foi capaz de marcar sequer um golo. Em Friburgo a equipa canarinha jogava a sua continuidade na Liga Europa e necessitava de vencer para suspirar de alívio e de esperança. Com um empate a zero que se verificou na Alemanha, as hipóteses de passar à próxima fase são diminutas. O Estoril usou e abusou das oportunidades que criou, falhando ocasião atrás de ocasião - mesmo contra nove (duas expulsões) não foi capaz de ser feliz. A equipa estorilista tem apenas 2 pontos no grupo H. 

Vitória: parecia um empate mas afinal era derrota

O Vitória de Guimarães jogava em casa e tinha ontem uma boa oportunidade de pular na tabela do grupo I, caso batesse os espanhóis do Bétis. O jogo foi equilibrado mas nunca dispôs do sal e da pimenta necessários para condimentar noventa e três minutos demasiado sensaborões, com poucas hipóteses de golo e poucos lances dignos de registo, apesar do constante ascendente dos sevilhanos. Mas, tragicamente para os pupilos de Rui Vitória, aos 90*4 minutos tudo se decidiu através do excelente passe descobridor de Verdú que encontrou Chuli na área pronto para marcar. A falta de bravura dos vitorianos foi punida com um golo nos descontos e aquilo que parecia um empate consagrado tornou-se numa derrota (0-1), completo balde de águia fria. O Vitória leva 4 pontos no grupo I e precisa obrigatoriamente de vencer os jogos seguintes para poder passar à próxima fase.

Confira aqui as classificações dos clubes lusitanos:

Grupo C (Liga dos Campeões)

Clubes J V E D P
Paris Saint-Germain 4 3 1 0 10
Olympiakos 4 2 1 1 7
Benfica 4 1 1 2 4
Anderlecht 4 0 1 3 1

Grupo G (Liga dos Campeões)

Clubes J V E D P
Atlético Madrid 4 4 0 0 12
Zenit 4 1 2 1 5
FC Porto 4 1 1 2 4
Austria Viena 4 0 1 3 1

Grupo E (Liga Europa)

Clubes J V E D P
Fiorentina 4 4 0 0 12
FC Dnipro 4 3 0 1 9
Pandurii 4 0 1 3 1
Paços Ferreira 4 0 1 3 1

Grupo H (Liga Europa)

Clubes J V E D P
Sevilha FC 4 2 2 0 8
FC Slovan Liberec 4 1 3 0 6
SC Friburgo 4 0 3 1 3
Estoril Praia 4 0 2 2 2

Grupo I (Liga Europa)

Clubes J V E D P
Real Bétis 4 2 2 0 8
Olympique Lyonnais 4 1 3 0 6
Vitória SC 4 1 1 2 4
Rijeka 4 0 2 2 2