Um regresso tristonho ao convívio dos «grandes»

É já no Sábado (28) que o recém-promovido Belenenses irá voltar a actuar novamente perante clubes históricos com os quais discutiu centenas de duelos – o próximo embate será frente ao Benfica, e marcará o regresso da equipa de Belém aos «derbies». Depois de ter sido despromovida, a formação da cruz de Cristo realizou uma época 2012/2013 fenomenal e carimbou cedo a subida ao escalão principal português, com o ex-jogador maritimista ao leme do comando técnico: o holandês Mitchell Van der Gaag, que depois de uma época de sucesso, vê, penosamente, a sua curta e promissora carreira de técnico abruptamente interrompida devido a problemas de saúde – o fatídico evento teve ocorrência na semana passada, quando Van der Gaag se sentiu indisposto e teve de abandonar a área técnica do Belenenses.

Hoje, o treinador holandês colocou um parágrafo no seu trabalho para dar total foco à sua saúde: «Para já vou deixar de trabalhar, porque a vida é mais importante. O meu médico é agora o meu treinador», afirmou Van der Gaag, que recordou o seu frágil historial cardíaco: «Eu tenho um problema de coração, já há algum tempo (...) tenho um pacemaker e um desfibrilhador interno. No sábado (...) recebi dois choques e o aparelho salvou-me a vida». Marco Paulo será o novo treinador da formação do Restelo, embora o presidente, Rui Pedro Soares, tenha reiterado apoio total a Van der Gaag, afirmando mesmo que este «continua a ser o treinador do Belenenses».

Benfica favorito recebe Belenenses com Jesus sob pressão

O Benfica também passa por um período conturbado, depois dos tumultos que ganharam vida logo após o apito final do jogo contra o Vitória de Guimarães – Jorge Jesus tentou interromper a intervenção das autoridades, que detiam alguns adeptos encarnados por invadirem o relvado, e a sua reacção extemporânea valeu-lhe a condição de arguido devido a, como consta no auto da Polícia de Segurança Pública, ter agredido um agente «com uma bofetada na cara e outra no braço». Os incidentes poderão enquadrar Jesus numa moldura disciplinar que variará entre três meses a três anos, em caso de agressão a agentes de segurança pública, e entre dois meses a dois anos, em caso de se provar apenas a tentativa de agressão. Em termos judiciais, o técnico benfiquista poderá enfrentar, segundo o artigo 347 nº1 do Código Penal, uma pena de prisão que poderá ter como limite máximo cinco anos. Jesus permanece, como afirmou hoje em conferência, calmo, aguardando «serenamente pelas decisões das instâncias judiciais e desportivas». Desta feita, o treinador, que já vinha de um cenário de pressão, vê agravar-se a sua situação, embora tenha rejeitado que esse factor o possa perturbar na plenitude do seu trabalho.

O Benfica recebe o Belenenses a contar para a sexta jornada da Liga e estará obrigado a vencer perante os seus adeptos de modo a dar sequência à perseguição ao cimo da tabela, depois de ter recuperado, na semana passada, dois pontos a FC Porto e Sporting. Gaitán e Salvio, devido a lesão, são cartas fora do baralho para a partida, enquanto que Rúben Amorim está de regresso aos treinos. Os encarnados deverão alinhar com o habitual 4-2-4 construído, no centro, por Matic e Fejsa, nas alas com Markovic e Enzo e no ataque com Cardozo, regressado aos golos, e Lima, que deverá substituir Djuricic, titular frente a Anderlecht e Vitória de Guimarães. A maior interrogação residirá na lateral direita da defesa: continuará André Almeida a ser o dono do lugar, em detrimento de Maxi?

Do lado dos «Azuis do Restelo», Miguel Rosa , ex-Benfica, será o cabeça-de-cartaz da equipa, a par de outro extremo, João Pedro, herói da partida contra o Marítimo. O meio-campo belenense deverá ainda ser cimentado em Diakité e Danielsson, dois pilares defensivos que terão a função de parar as investidas do ataque das águias.