Assim que foi conhecido o onze titular do Benfica para uma 2ª mão de quartos-de-final de Liga dos Campeões com um golo de atraso perante o Bayern de Munique, o mais comum adepto terá pensado que o máximo a que as águias poderiam almejar seria o adágio popular do futebol ’fazer Taça’.

Acreditar e marcar 

Com o passar dos minutos, essa ideia foi-se adensando e o Benfica mostrou-se mesmo capaz de ’fazer Taça’, não na Taça de Portugal mas sim na principal prova europeia de clubes perante um seríssimo candidato a levantar o troféu e ainda mais limitado pela ausência das suas três principais unidades ofensivas, Jonas, cuja ausência há uma semana já era conhecida devido a castigo, a quem se juntaram Nico Gaitán e Kostas Mitroglou que procuraram recuperar em tempo útil, sem sucesso.

Os vários testes realizados em Portugal, em especial perante o grande rival pela Liga, o Sporting de Jorge Jesus, deram ’estaleca’ a esta águia que não apenas resistiu em Munique como poderia mesmo não ter sido derrotada e mesmo apresentando um ataque em ’plano B’ soube sempre equilibrar a eliminatória e até adiantar-se no marcador numa excelente iniciativa de Eliseu que aproveitou a falta de cobertura pelo seu flanco para servir a novidade Raúl Jiménez.

Jimenez marcou o 1º golo da partida
Jimenez marcou o 1º golo da partida

O cruzamento longo de Eliseu foi atacado da melhor forma pelo mexicano que foi mais lesto a reagir do que Manuel Neuer -  quantos se podem gabar disso? - para abrir o marcador aos 27 minutos num jogo que não vale pontos, muito menos na Liga NOS, mas que certamente motivará a equipa. Para as águias, o problema esteve no facto de o golo ter sido a altura de ‘acordar’ o Bayern que passou a tomar conta do jogo e aos 38 chegou ao empate por intermédio de Vidal (mais uma vez).

Guardiola prometeu e cumpriu 

O golo bávaro acabou por surgir num desequilíbrio criado pela direita com uma saída de Ederson a colocar a bola à entrada da área onde não se encontrava Ljubomir Fejsa, que havia abandonado a posição para ajudar os centrais, permitindo que surgisse o médio chileno a rematar sem oposição para o empate ao intervalo, a reacção de uma equipa experiente no plano internacional e habituada a recuperar de situações de desvantagem durante o jogo.

Vidal voltou a marcar ao Benfica
Vidal voltou a marcar ao Benfica

O intervalo acabou por ser ainda melhor conselheiro para os comandados de Pep Guardiola, que saiu a ganhar com duas apostas distintas: a aposta de retirar Robert Lewandowski da equipa inicial para lançar Thomas Muller como titular na frente de ataque como unidade mais móvel e dessa forma acabou por descobrir o seu ‘Klinsmann’, ou seja, um goleador alemão igualmente letal e ainda a confirmação de que era verdade aquilo que havia dito na véspera na conferência de imprensa de antevisão.

Há pouco mais de 24 horas, Guardiola havia dito que o Bayern “preparou situações novas” para defrontar os encarnados e juntando a inspiração de Muller a uma excelente preparação ‘de laboratório’ que permitiu chegar á reviravolta: canto no qual apenas surgia uma unidade no interior da área centrando as atenções dos marcadores benfiquistas até que Javi Martinez surgiu ao 2º poste mais alto do que Lindelof a servir Muller na pequena área para o 1-2.

Muller fez o 2º golo do Bayern
Muller fez o 2º golo do Bayern

Em desvantagem no marcador e claramente na eliminatória, mérito para Rui Vitória que apesar das limitações da equipa em termos de opções nunca deixou de pensar ’para a frente’ e em atacar com três substituições de cariz ofensivo, uma atitude corajosa aliada a alguma sorte resultante de o remate cruzado de Douglas Costa ter sido travado pelo poste aos 59 e de o ’bis’ de Muller ter sido anulado por fora-de-jogo de Alaba aos 68.

Os suplentes que rendem o empate

Após resistir ao possível 1-3, o treinador do Benfica justificou o facto de ter nesta altura já convencido a maioria dos adeptos encarnados e todos os elogios que vem merecendo, até da parte do homólogo Guardiola, ao manter a equipa na busca do golo e assente nos jovens da sua formação, Renato Sanches, que mais uma vez batalhou frente ao meio-campo do Bayern de igual para igual, e o lançado durante a 2ª parte Gonçalo Guedes.

Tal como na 1ª mão, que apesar da derrota correu muito bem ao Benfica apesar da derrota, fiéis à filosofia de jogar em posse mesmo perante tão poderoso oponente, aos 74 minutos as águias foram premiadas pelo esforço com a melhor resposta possível por parte dos dois suplentes até então utilizados.

Primeiro Guedes a surpreender a defesa alemã, a ganhar em velocidade e apenas a ser travado por Javi Martinez em falta num lance que deveria ter sido com expulsão directa perdoada momentos antes de outro suplente, Anderson Talisca, cobrar o livre directo de forma exemplar e estabelecer o 2-2.

Talisca marcou o golo do empate
Talisca marcou o golo do empate

O apuramento parecia de qualquer forma distante. No entanto, igualar a partida perante o Bayern permitiu ao Benfica sair em grande da Liga dos Campeões frente a um adversário cujo orçamento torna os milhões recentemente encaixados pelos bicampeões portugueses algo semelhante a meros cêntimos. No fim, o Benfica foi afastado por apenas um golo, discutiu o resultado na Luz e deixa a prova milionária com orgulho e o sentimento de dever cumprido.