Em noite europeia, o Estádio AXA apresentou uma moldura humana de 20.000 adeptos para o emocionante Braga x Shakhtar. Os ucranianos gelaram os minhotos com 2 golos de pura eficácia, mas Wilson Eduardo ainda foi a tempo de aquecer a eliminatória com um festejo ao cair do pano. Resta agora aos pupilos de Fonseca acreditarem que podem marcar 2 golos sem sofrer, para continuar a levar o nome de Portugal ao mais alto nível de prestígio.

Primeira parte: Duro golpe à beira do intervalo

O Estádio AXA vestiu a cor guerreira com uma lotação de cerca de 20.000 espectadores. O Braga x Shaktar proporcionou um excelente momento de futebol, com Paulo Fonseca a apostar na armada toda para tentar vencer o favorito emblema ucraniano. Com a redodinha nos pés o Braga deu o primeiro toque do duelo, e foram os minhotos a tentar impôr o seu futebol nos instantes iniciais, com Rafa em grande estilo. O criativo arsenalista livrou-se dos ucranianos, e ao minuto 2 obrigou o guardião adversário a uma parada de alto nível. O miolo composto por Luiz Carlos e Vuckcevic impôs uma dinâmica razoável, o que impediu os ucranianos de construírem jogo nos 10 minutos iniciais. Neste período, Hassan rematou, mas sem direcção, ficando o registo para um início de partida em que os guerreiros do minho dominaram.

O Shakhtar acertou o passo e o Braga perdeu o fulgor inicial com o decorrer da 1ª etapa. A batalha táctica fez-se sentir a um nível incrível, com a partida a ser muito disputada a meio campo. Em zona frontal, Rafa bateu um livre de forma deficiente, e perdeu-se uma chance de ouro para abrir o marcador. Enquanto Rafa falhava, das bancadas foram audíveis os cânticos incansáveis dos adeptos, que ajudaram e muito na subida de rendimento do colectivo depois do minuto 20. O Shakhtar voltou nesta fase a recuar no terreno, mas faltava maior acerto na finalização. Exemplo disso foi o tiro tímido de Rafa na cara do golo. Em cima da meia hora, o Shakhtar não registava qualquer remate, mas na verdade nessa mesma fase do jogo Pedro Santos resolveu desperdiçar mais uma jogada bem desenhada pelo conjunto minhoto.

O Braga dominou desce cedo, mas o golo tardou
O Braga dominou desce cedo, mas o golo tardou

Numa subida à área contrária, Ricardo Ferreira não teve cabeça para dar seguimento a uma oportunidade clara para marcar. Do meio da rua, Luis Carlos rematou à figura, mas foco para o domínio bracarense na primeira parte. No futebol de alta competição quem não marca sofre, e na sequência de um canto, ao minuto 44, Rakitskiy não tremeu e, no primeiro remate à baliza de Matheus, a bola entrou. Com este balde de água ucraniana gelada o Braga foi injustamente para o intervalo em desvantagem, mas só se pode queixar da sua própria ineficácia. Rafa, Pedro Santos, Hassan e Ricardo Ferreira perdoaram diante a baliza e o Shakhtar precisou apenas de um remate para descer para o balneário com uma vantagem de 0-1.

Segunda parte: Wilson Eduardo dá esperança aos minhotos

De regresso ao recinto do lindíssimo AXA, as equipas voltaram sem alterações e foram os ucranianos a dar o primeiro sinal de perigo, com Tyson a testar Matheus, que foi obrigado a sujar as luvas. Os arsenalistas regressaram das cabines animicamente em baixo e o Shakhtar aproveitou para impôr supremacia no duelo. Na marcação de um livre, Pedro Santos não encontrou Hassan, porque o egípcio sofreu uma grande penalidade que o juiz da partida não assinalou. A equipa galvanizou-se e Rafa bombardeou a barra ucraniana, no primeiro indício de perigo minhoto na 2ª etapa do jogo. A velocidade e o talento de Rafa contagiaram as bancadas do AXA, mas a pontaria continuava longe do desejável. O extremo luso foi um quebra cabeças para os nórdicos, e a meio da 2ª parte o jogo podia chamar-se perfeitamente ''the special Rafa show''.

O Braga tentou, mas a pontaria falhou // Foto: Facebook do SC Braga
O Braga tentou, mas a pontaria falhou // Foto: Facebook do SC Braga

O desespero de Paulo Fonseca era evidente, perante um Braga compacto e seguro, mas com uma ineficácia gritante. Os guerreiros do minho estancaram o ímpeto inicial de Tyson e a 25 minutos dos 90 o Braga ameaçava o empate, que na verdade seria merecido. Num lance de génio de Rafa, o esférico sobra para Vuckevic, que atirou a um palmo do poste. Na jogada a seguir, Pedro Santos voltou a vacilar em zona de luxo para fazer o gosto ao pé. Os associados bracarenses sofreram um susto pouco depois com Kovalenko a ficar muito perto do segundo tento. O público acordou e embalou Rafa para mais um lance incrível, apenas travado em falta. Na conversão, Pedro Santos foi incapaz de colocar a redondinha na cabeça dos companheiros.

A ineficácia bracarense levou Paulo Fonseca a lançar Wilson Eduardo, mas foi o Shakhtar a gelar o AXA uma vez mais. F. Ferreyra surgiu solto de marcação e furou as redes de Matheus com toda a serenidade do mundo. Os minhotos beberam de um veneno que costumam servir aos oponentes, e no Municipal de Braga o resultado assinalava eficácia do Shakhtar 2, ineficácia do Braga 0. Os arsenalistas acusaram psicologicamente o golo sofrido e nos derradeiros minutos faltou alma e crença para tentar minimizar os estragos de um score de 0-2. A poucos minutos dos 90, Wilson Eduardo mostrou que a alma guerreira ainda estava bem viva e, num tiro de esperança, o ex-leão reduziu para 1-2, provando que vale a pena lutar até ao último suspiro. Em tempo de compensação, Rafa combinou com Wilson Eduardo, mas o avançado não teve arte para se antecipar aos ucranianos.

O Shakhtar acabou mesmo por levar a melhor, vencendo por 2-1
O Shakhtar acabou mesmo por levar a melhor, vencendo por 2-1

O 1-2 final não traduziu a justiça do futebol bem praticado do Braga, mas o golo de Wilson ao cair do pano permite aos lusos sonharem com uma reviravolta dentro de uma semana. Os minhotos foram infelizes nesta partida, mas jogar os quartos de final da Liga Europa obriga qualquer equipa a aplicar um nível de eficácia superior. O Shakhtar foi uma formação matreira e extremanente eficaz diante Matheus. A esperança guerreira mantém-se bem viva para a segunda mão, e é com orgulho que Rafa e companhia levarão na bagagem todo um carisma minhoto que promete lutar pela eliminatória até ao último remate.