Dos 70.000 adeptos presentes no Allianz Arena, 5.000 gritaram bem alto pelos portugueses do Benfica. O ambiente caloroso das bancadas chegou até às quatro linhas e o Benfica conseguiu resistir à máquina atacante do Bayern de Munique sofrendo apenas uma derrota de 1-0. O Benfica é a 1ª equipa esta época que não sai deste estádio goleado em jogos da Champions tratando-se de uma marca notável só ao alcance dos grandes emblemas do velho continente.

O guarda-redes Ederson, o ala Pizzi, mas principalmente o avançado Jonas mostraram aos alemães que a alma encarnada pode superar qualquer craque. Na vitória de 1-0 do Bayern, o golo de Vidal aos 2 minutos poderia ter deitado por terra a estratégia de Rui Vitória, mas na segunda-parte o Benfica chegou até a superar em algumas fases de jogo o todo poderoso alemão com Jonas a ficar perto do golo. Para a 2ª mão, o brasileiro ficará de fora por castigo, mas no inferno da Luz os alemães não terão tarefa facilitada perante um Benfica sonhador com o esférico das estrelinhas nos pés.

Primeira parte: Vidal marcou a todo o gás

Com 70.000 calorosos espectadores no Allianz Arena, o Bayern de Munique e o Benfica entraram nas quatro linhas com valores distintos mas com a mesma ambição, a de brilhar com a redondinha estrelada. Para os quartos de final da Liga dos Campeões, Rui Vitória apostou no mesmo 11 que goleou o Braga mas a forma como compôs o xadrez diferiu ligeiramente, por forma a tentar estancar o poderio evidente do Bayern. Ou seja, Rui Vitória baixou Renato para formar um duplo pivôt fixo com Fejsa e pediu ainda a Jonas que recuasse no terreno para participar na dura batalha de meio-campo. No Bayern, Alaba alinhou a central e Thiago deixou o veterano Xabi Alonso a aquecer o banco. Com o esférico milionário nos pés, foi o Bayern a assumir sem surpresa a posse de bola, mas nos instantes iniciais, Mitroglou respondeu bem ao primeiro cruzamento perigoso de Ribéry. As águias pareciam querer pressionar alto, mas perante tanta qualidade o Bayern inaugurou o marcador de forma supersónica ao minuto 2. Depois de uma jogada veloz dos alemães, Vidal antecipou-se a Eliseu e colocou o esférico no fundo das redes do incrédulo Ederson. 

Vidal foi o autor do único golo da partida
Vidal foi o autor do único golo da partida

Os astros Ribéry, Muller e Douglas abafaram as águias nos primeiros minutos e faltou claramente experiência ao miolo benfiquista para contrariar a construção de jogo avassaladora do Bayern. Neste período, Douglas tirou facilmente Eliseu do caminho e rematou para defesa segura de Ederson. Faltou aos homens da Luz pressionar na primeira fase de construção dos craques Vidal e Thiago, tendo sofrido as águias duros golpes ofensivos sem que conseguissem partir para contra-ofensivas, onde Gaitán e Pizzi desesperavam por ter a redondinha. Os laterais André Almeida e Eliseu foram presas fáceis para Ribéry e Douglas, mas Rui Vitória acertou as marcações pedindo a Pizzi e Gaitán maior apoio nas faixas. Antes de chegar aos 20 minutos, Mitroglou deu o primeiro sinal de perigo mas o tiro foi tímido, servindo no entanto para alertar Neuer. Na resposta, Douglas Costa rematou forte, mas Ederson respondeu com uma defesa soberba. O Benfica não se intimidou e num ataque rápido de Pizzi valeu Vidal a evitar o empate. Depois do sofrimento inicial, o Benfica conseguiu acalmar um pouco o seu jogo com destaque para Fejsa e Pizzi, que não se conformaram em ver o Bayern circular a bola.

Antes da meia hora, o Benfica pediu grande penalidade, mas o juiz da partida preferiu ignorar um lance que no mínimo foi polémico. Na marcação de um livre de Thiago surpreendeu e num ensaio de laboratório viu Ederson impedir que Muller fizesse o gosto ao pé. A caminho do quarto de hora final, Vidal ficou a escassos centímetros de ampliar a vantagem, mas não teve cabeça para acertar com as redes. Aos 40 minutos, Lindelof negou o golo a Ribéry e é extraordinário observar a maneira como o Benfica mudou a forma de defender dos laterais e dos alas, que impediu a armada alemã de penetrar nos espaços que águias deram na fase inicial do duelo. A partir dos 25 minutos a entre ajuda das linhas de Rui Vitória travou a dinâmica avassaladora do Bayern dos instantes iniciais, indo para o intervalo com uma desvantagem mínima. O resultado de 1-0 é justo e fica o registo para uma exibição compacta de Pizzi que foi o rosto da revolta contra os artistas Vidal, Ribéry e Douglas.

O Bayern já vencia por 1-0 ao intervalo, resultado que se manteve até ao fim
O Bayern já vencia por 1-0 ao intervalo, resultado que se manteve até ao fim dos 90 minutos

Segunda parte: Jonas esteve quase... quase... mas o sonho está vivo

No segundo tempo, os treinadores apostaram nas mesmas escolhas e foram exactamente os mesmos 22 jogadores a iniciarem o segundo bloco de jogo. O Bayern deu o pontapé de saída e a posse de bola alemã manteve-se em alta rotação. A velocidade de Douglas Costa voltou das cabines ainda mais apurada e o Benfica compôs o seu xadrez de jogo com muitas cautelas, com um bloco médio-baixo a tentar explorar o contra-ataque. Ainda nos 10 minutos iniciais, foco para a grande chance para as águias finalizarem: Jonas foge de forma inteligente à marcação e atirou colocado para mega defesa do gigante Neuer. Pouco depois, o mesmo Jonas viu a cartolina amarela e é com infelicidade que irá consequentemente falhar a partida da segunda mão no Estádio da Luz. 

O Bayern começou forte, mas o Benfica teve o engenho para saber pressionar na zona certa, encontrando espaços nas costas dos laterais alemães. O artista Gaitán subiu de rendimento mas faltou tranquilidade na hora de cruzar para a área. A verdade é que os pupilos de Rui Vitória acertaram muito bem as marcações e a meio da segunda parte perder apenas 1-0 em Munique é notável. A troca de bola alemã foi perdendo gás e não seria surpreendente o Benfica empatar o duelo. Num livre perigoso, Lindelof falhou o cabeceamento e num contra-ataque veloz André Almeida bloqueou Lewandowski. O polaco surgiu solto pouco depois e ficou perto de marcar de calcanhar. 

O Benfica foi eficaz a travar os craques do Bayern na segunda metade do jogo
O Benfica foi eficaz a travar os craques do Bayern na segunda metade do jogo

No último quarto de hora, as equipas baixaram o ritmo e é formidável a forma como o Benfica parou os craques do Bayern. Com estrelas deste calibre não se pode dar qualquer espaço e valeu Ederson a negar uma vez mais o segundo tento germânico. Pouco depois Lewandowski disparou, mas o muro coeso das águias impediu males maiores. Os jogadores encarnados foram autênticos heróis e não foi fácil parar a avalanche ofensiva do todo poderoso Bayern. A instantes do fim, Lewandowski falhou escandalosamente uma oportunidade de ouro depois de um passe soberbo de Vidal. O árbitro deu 5 minutos de compensação e o Bayern carregou com muita intensidade, valendo a capacidade de sofrimento das águias.

No final do encontro o Bayern venceu 1-0, mas o Benfica lutou, soube sofrer, contra-atacou e levou o nome de Portugal de forma prestigiante até à Alemanha. As águias reagiram bem ao golo sofrido e resistiram animicamente ao ataque avassalador da primeira parte. Já no segundo tempo as águias voaram de forma ambiciosa e Jonas teve o empate nos pés perante o gigante Neuer. O golo de Vidal desenhou o resultado, mas embalados pelos 5.000 adeptos na Alemanha o recado é simples: na Luz tem cuidado Bayern! Os heróis de Vitória perderam, mas perder apenas 1-0 permite aos lusos sonharem e manter bem viva a chama ardente de continuar a escrever uma epopeia europeia, dado que os encarnados foram a primeira equipa a não sair de Munique goleados em jogos da Champions, tratando-se de um registo incrível.

No entanto, não deixa de ser uma derrota que obriga o Benfica a ter de abrir jogo na Luz, mas sonhar não custa, e porque não acreditar ser possível eliminar o colosso Bayern? Jonas não jogará dentro de uma semana, mas a alma benfiquista não se rende e será com uma chama imensa que os lusos tentarão marchar e derrubar os alemães.