O FC Porto voltou às vitórias no campeonato sob o comando de José Peseiro no banco portista. Um lance feliz de André André oferece 3 pontos aos azuis e brancos, o que permite aos dragões manterem a perseguição ao Benfica e ao Sporting que ocupam as 2 primeiras posições da Liga NOS.

Vitória suada na estreia de Peseiro

No dia em que o país ia a votos para decidir o novo chefe de estado, também o FC Porto e o Marítimo apresentavam aos seus adeptos os novos líderes de equipa. 

Depois de passagens por latitudes mais exóticas no mundo do futebol como o Dubai, o Egito ou a Coreia do Sul, José Peseiro e Nelo Vingada, dois nomes bem conhecidos dos adeptos do nosso futebol, estão de regresso a Portugal para treinar o FC Porto e o Marítimo respetivamente.

Numa das fases mais conturbadas da liderança quase imperial de Pinto da Costa, José Peseiro, um treinador mais conhecido pela qualidade do futebol das suas equipas do que pelos títulos ganhos, abraça o mais desafiante projeto da sua carreira. Peseiro procura salvar uma época planeada por Lopetegui com um plantel que, não tendo o cunho pessoal do ribatejano, é dos mais caros da história dos dragões (indicador que, este ano, não tem significado qualidade,  muito menos quando se mantêm ferraris na garagem).

O adversário na estreia, o Marítimo, foi sempre a besta negra do antigo treinador basco dos dragões e, num momento em que também o emblema da Madeira procura dar um murro na mesa perante os tempos mais próximos, a tarefa não se adivinhava nada fácil para os portistas.

Nos minutos que antecederam a partida, os adeptos portistas souberam que o mesmo 11 que perdeu 5 pontos nas últimas duas jornadas iria a jogo. Se se esperavam alterações profundas com esta mudança de técnico, elas não apareceram.

A entrada em jogo não foi particularmente exuberante e a mesma imagem apática dos últimos jogos, com um FC Porto descaraterizado, com Herrera a capitão, persistia. O FC Porto não jogava mal, os jogadores não tomavam más decisões nas saídas para o ataque, mas uma ideia de jogo também ainda não se via neste Dragão  (o tempo de trabalho do novo timoneiro também ainda é muito curto para que grandes mudanças possam ser exigidas). Durante os primeiros 15 minutos, os passes para o lado sucediam-se entre jogadores que não estavam em movimento... Danilo confirmava o seu bom momento recuperando algumas bolas que transitavam lentamente para o último terço onde todos esperavam que um rasgo de Corona ou Brahimi pudesse resolver os problemas da equipa, já que Aboubakar continuava a ser um ponta-de-lança desamparado e pouco confiante.

Do lado do Marítimo, os comandados de Nelo Vingada assumiam com naturalidade o papel de equipa que, querendo ganhar, preferia uma postura expectante e capaz de aproveitar as oportunidades que o jogo e o adversário lhe dessem.

Sentia-se ansiedade desde as bancadas até às chuteiras dos jogadores portistas. O fantasma do futebol inócuo de Lopetegui pairava sobre o Dragão e só um golo podia libertar o FC Porto.

Aos 20 minutos, depois de uma jogada de insistência, e num lance em que André André esteve perto de ser infeliz (o remate do médio português foi à barra), o golo acabaria mesmo por sorrir aos comandados de Peseiro. Depois de bater com um estrondo na trave, a bola toca caprichosamente nas costas do guarda-redes maritimista e o FC Porto chegou à vantagem.

      José Peseiro festeja o golo em noite de estreia. | Fonte: getty images.

Sem ser brilhante, o FC Porto foi eficaz e soube colocar-se numa posição cómoda para encarar o resto da partida.

No minuto a seguir ao golo dos portistas, Dyego Sousa está pertíssimo de marcar para o Marítimo. Solto de marcação na área dos azuis-e-brancos, o ponta-de-lança brasileiro cabeceia à barra da baliza de Casillas e o Dragão via-se, uma vez mais, em alerta.    

Sorte. Era esta a palavra que definia os primeiros 20/25 minutos da primeira parte dos dragões. Sorte na forma como se viu em vantagem e sorte na forma como, no minuto seguinte, não se viu novamente empatado.

Os minutos iam passando e futebol, nem vê-lo. Vários passes falhados ao som da claque do FC Porto, sempre firme no apoio à equipa, era o cenário  que se arrastava ao longo do primeiro tempo. Nota para a substituição forçada de Moussa Marega, o principal desiquilibrador do ataque madeirense, aos 32 minutos. Nelo Vingada, a precisar de ir atrás do jogo, sofria um duro revés no que poderia ser a sua estratégia para o jogo.

Apesar de não terem criado muito mais ocasiões até ao fim da primeira parte, os jogadores do Marítimo mostravam-se sempre objetivos depois do momento em que recuperavam a bola. Éber Bessa destacava-se ao nível da recuperação e Dyego Sousa mostrava ser um ponta-de-lança que nunca dá descanso aos centrais contrários, não desistindo de nenhuma bola e sendo sempre agressivo no seu jogo (um exemplo para Aboubakar).

Sem alterações para o início da segunda parte, o FC Porto apresentou um jogo um pouco mais seguro perante um Marítimo que, com as linhas mais subidas, lutava contra um resultado que lhe era adverso.

Aos 55 minutos, finalmente, o FC Porto criava um bom lance de envolvimento entre os seus jogadores. Depois de algum tempo de circulação mais rápida que na primeira parte, a bola entra na esquerda em Brahimi que, depois de um movimento interior, define bem o timing de último passe para André André, que entrava na área mas que viu Salin antecipar-se no momento do remate.

Segunda parte de um longo bocejo

A qualidade do futebol jogado no Estádio do Dragão aumentou na segunda parte. Ambas as equipas chegavam com mais frequência ao segundo terço. Se na primeira parte não se sentia que o golo pudesse chegar a nenhuma das balizas, a tendência inverteu-se na segunda parte.  Quem via o jogo começava a sentir que o golo acabaria por surgir, para uma ou outra equipa.

Entre os 68 e os 75 minutos começou a intervenção direta dos técnicos no jogo. Peseiro lançou Suk para o lugar de Aboubakar, à procura de algum rasgo que o camaronês, mais uma vez, nunca foi capaz de oferecer ao jogo dos dragões; e Rúben Neves para o lugar de Herrera, procurando mais eficiência no passe e um consequente controlo mais efetivo do jogo. Enquanto o FC Porto tentava assentar o seu jogo, Nelo Vingada largava a sua frente de ataque, juntando Baba a Dyego Sousa e tirando o médio defensivo Éber Bessa.

A incerteza no resutado existiu no jogo até ao final, mas apesar do Marítimo ter obrigado o FC Porto a passar por alguns calafrios, a melhor oportunidade para alterar o marcador pertenceu aos dragões qunado Corona, lançado em profundidade por Danilo aos 70 minutos, obrigou Salin a uma boa intervenção (fica a sensação que talvez o mexicano devesse ter dado a bola a Suk, que ficaria com a baliza à sua mercê para finalizar).

Nota para uma última substituição arriscada de Peseiro, que lança o extremo Varela para o lugar do médio André André, dando uma tendência mais ofensiva à equipa na entrada para os últimos 10 minutos de um jogo que estava longe de estar controlado. É verdade que é um sinal de ambição por parte do técnico azul-e-branco, mas foi uma ação arriscada e que seria facilmente criticável, caso o Marítimo tivesse aproveitado um meio-campo consequentemente menos agressivo dos dragões.

O final da partida chegou e Peseiro passou à tangente o seu primeiro exame perante a tribuna portista. Os três pontos foram garantidos mas fica a ideia que José Peseiro, para concretizar os objetivos a que se comprometeu, tem ainda muito trabalho pela frente.